Novas Tecnologias06/12/2010
O computador morreu. Chegou a era dos tablets
Alinhados, como se estivessem em um batalhão, funcionários da Galderma, uma joint venture entre Nestlé e L’Oréal, indústria farmacêutica exclusivamente dermatológica, posaram para esta foto que você vê logo ao lado. Eles fazem parte de uma tropa de elite que, empunhando os seus iPads, começa a realizar o funeral do computador pessoal. O PC, da forma que conhecemos, morreu.Â
Na semana passada, 120 funcionários da Galderma foram à s ruas com seus tablets e se transformaram na primeira força de vendas do PaÃs a usar o equipamento da Apple de forma corporativa. Agora, quando visitam médicos, esse exército de homens e mulheres de iPad faz a demonstração técnica dos produtos nesta pequena geringonça tecnológica que parece uma tábua (daà o nome tablets), mede 24 centÃmetros de altura por 18 centÃmetros de largura, pesa 680 gramas e tem espessura de apenas 1,3 centÃmetro. Â
“Agora, consigo atualizar o meu material promocional em apenas um dia. Antes, demorava 40 diasâ€, afirma Juan Carlos Gaona, CEO da Galderma do Brasil. “É uma enorme vantagem sobre os meus concorrentes.†O batalhão de iPads da Galderma é o sÃmbolo de uma grande transformação no setor de tecnologia. Â
Com mais de 30 anos de vida (e de bons serviços prestados), o computador pessoal está com os dias contados para os tablets. E essa febre, que tomou o mercado mundial, chega oficialmente ao Brasil a partir de novembro, com o lançamento do Galaxy Tab, da Samsung. Apple, Dell, ZTE, Huawei, Cisco, Awaya e HP prometem seus produtos para os próximos meses. Â
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Apesar disso, os PCs não vão deixar de existir. Suas vendas globais, inclusive, crescerão vagarosamente nos próximos anos, chegando a mais de 500 milhões de unidades em 2014. Mas eles perderão o status de ser os protagonistas da computação. “A maioria das pessoas vai usar computadores portáteis e com telas sensÃveis ao toque, como smartphones e iPadsâ€, diz à  Nicholas Carr, jornalista americano e autor do livro A grande mudança, que defende a tese de que a tecnologia se transformará em um serviço público, assim como a energia elétrica.Â
“Mas os PCs, tanto os laptops como os desktops, continuarão a ser úteis para certas tarefas que exigem grandes telas e teclados tradicionais.†Esse é o ponto crucial. O CD não desapareceu, mas passou a ser um produto de nicho com o surgimento da música digital. O mesmo vai acontecer com o computador pessoal. Â
O mantra dessa nova era é a mobilidade e a conexão total com a internet de qualquer lugar a qualquer hora.  Os tablets levam este conceito à s últimas consequências, com a vantagem de ter uma tela bem maior do que um smartphone e uma interface revolucionária que permite fazer tudo com o toque dos dedos, sem a necessidade de um mouse e um teclado – itens que vão estar ao lado do PC em seu obituário. Â
“Depois dele, abandonei o meu notebookâ€, afirma Jorge Moskovitz, diretor para a América do Sul da empresa de tecnologia Serena Software, que passa pelo menos duas semanas por mês visitando paÃses pela região. O diretor de novos negócios da rede de tevê esportiva ESPN, José Papa Neto, não esqueceu ainda do desktop, mas agora só passa 10% de seu tempo com ele. “Sou um fervoroso usuário de Blackberry e do iPadâ€, diz ele. “Nas viagens curtas, só levo o iPad.â€Â Â
O comportamento destes dois executivos demonstra uma  tendência que acontece com quem usa um tablet. O computador vai ficando de lado, esquecido. E o motivo é simples: eles substituem a maioria das tarefas que um usuário comum faz no dia a dia. O que é surpreendente, nesta aurora dos tablets, é que eles estão encontrando também um espaço dentro das empresas mais rápido do que se imaginava. Observe mais uma vez o exemplo da Galderma, cuja operação brasileira fatura R$ 250 milhões.Â
Visitar médicos faz parte do DNA da indústria farmacêutica. Até hoje, isso é feito com material de papel. “Tentamos usar notebooks, mas eles são pesados, demoram a ligar e sempre travamâ€, alega Márcio Rodrigues, diretor de marketing da companhia. Desde o lançamento do iPad, a empresa importou seis máquinas, desenvolveu um aplicativo próprio e foi a campo testar o aparelho. Â
Agora, todo o material está no tablet, com uso de imagem de alta definição, vÃdeos que permitem demonstração de procedimentos e do mecanismo de funcionamento dos produtos aos médicos. Deu tão certo que a empresa resolveu equipar os seus 120 representantes, em um investimento de R$ 350 mil. A ideia agora será exportada para as subsidiárias da Alemanha e da Austrália. Â
O impacto desses equipamentos, no entanto, irá além. Os tablets têm recursos para acessar a internet, ver vÃdeos, ouvir música, receber e enviar e-mails, organizar fotos, jogar games, ler livros eletrônicos e revistas. Aliás, o prazer da leitura é muito superior ao de um PC. Versátil, eles influenciarão vários setores econômicos, que vão do editorial até o educacional. Â
No Brasil, Chaim Zaher, que é dono da rede de ensino COC, está comprando até 30 mil tablets para dar aos seus alunos a partir de 2011. É a maior aquisição de tablets no PaÃs, um investimento que pode chegar até a R$ 20 milhões. “Queria comprar 60 mil, mas o problema é que eles não têm para entregarâ€, afirma o empresário.   As máquinas, produzidas na China, serão usadas para substituir o material didático no formato em papel.“Em dois anos, todo o material vai ser digitalâ€, diz Zaher. “Essa é uma revolução que vai atingir as escolas privadas e públicas.â€Â A rápida ascensão dos tablets, de fato, impressiona. Relatório da Bernstein Research informou que o iPad se tornou o aparelho eletrônico com a mais rápida adoção entre os consumidores, com 3 milhões de unidades vendidas nos três primeiros meses de comercialização.  Â
O Brasil entra oficialmente na era dos tablets – apesar de milhares de iPads já fazerem parte do cotidiano de muitos executivos e de empresas via importação direta – a partir de novembro. A coreana Samsung deve ser a primeira, ao lançar o Galaxy Tablet, que roda o sistema operacional Android, do Google. “Ele será fabricado no Brasil e terá recurso de tevê digitalâ€, afirma Hamilton Yoshida, diretor de marketing da companhia. O iPad deve chegar logo em seguida.  Ao longo do próximo ano, vários outros aparelhos também serão vendidos para o consumidor brasileiro, como o da chinesa ZTE. “Nosso grande diferencial será o preçoâ€, diz Eliandro Ãvila, presidente da subsidiária local da companhia. A também chinesa Huawei seguirá estratégia semelhante. Â
“Esse é um mercado que nasce com muitos concorrentes, por isso nosso objetivo é ser o mais baratoâ€, afirma Marcelo Najnudel, gerente da empresa. A Dell aposta na versatilidade de seu produto. “O Streak é um tablet que substitui o smartphoneâ€, declara Sandra Chen, gerente de marketing da companhia. Â
A Positivo, maior fabricante de computadores do Brasil, também deve entrar nesse segmento em 2011.“É óbvio que vamos ter um tablet, não podemos ficar fora desse mercadoâ€, afirmou Hélio Rotenberg, presidente da companhia.
Quando foi lançado, em abril, o iPad parecia um iPhone gigante. Muita gente ironizou esse fato. Outros criticaram Steve Jobs. O presidente do banco de investimento Credit Suisse, José Olympio Pereira, envolvido em várias aberturas de capital no Brasil, era um dos céticos. Em uma viagem aos EUA, comprou o equipamento. Logo em seguida, teve de adquirir mais dois, pois seus filhos não o deixavam usar o tablet.  Hoje, o computador de sua casa está acumulando teias de aranha. Detalhe, ele é irmão de Marcos Pereira, um dos donos da editora Sextante. Ambos são netos de José Olympio, famoso editor brasileiro. “Depois do iPad, passei a acreditar de vez no livro digitalâ€, diz Olympio Pereira. Mais um sinal de que as revoluções do iPad estão em quase todos os lugares. Vida longa aos tablets.
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