Quinta-Feira 25/04/2024 01:00

Entenda quais são os entraves ao crescimento da economia brasileira

Brasil - Economia - Quais são os Problemas

Foto: Dhiego Maia

Se o ritmo de crescimento da economia registrado nos últimos anos fosse um campeonato de futebol, o Brasil estaria no meio da tabela, bem longe do G4, o grupo dos melhores colocados, e da possibilidade de se classificar para qualquer torneio internacional.

Entre 2009 e 2013, após a piora da crise financeira internacional, a economia brasileira registrou um crescimento médio de 2,68%. Foi superada pela maior parte dos emergentes e dos países da América Latina, mas ficou, em geral, acima da média de crescimento dos países da Europa e das economias mais desenvolvidas.

Nesta sexta (29), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que a economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Dos três setores analisados pelo IBGE para o cálculo do PIB, apenas um mostrou variação positiva, o de agropecuária, que teve ligeira alta, de 0,2% no segundo trimestre ante o trimestre anterior. O setor de serviços teve queda de 0,5% e o da indústria, de 1,5%.

Os números recentes do Produto Interno Bruto (PIB) mostram que o Brasil não tem conseguido superar o estigma do "voo de galinha", aquele que faz muito barulho, mas tem pouco alcance. O país tem registrado crescimento irregular: um pouco maior em um ano, seguido por expansão menor no seguinte. O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, e serve para medir a evolução da economia.

O G1 procurou economistas para saber quais são as principais "amarras" ao crescimento da economia brasileira e buscar sugestões para reverter a situação nos próximos anos.Ranking

De 29 economias pesquisadas, entre elas países emergentes, da América Latina e também desenvolvidos, somente 12 registraram, na média dos últimos cinco anos, desempenho pior que o brasileiro: Rússia (+1,14%), México (+1,9%), África do Sul (+1,92%), Estados Unidos (+1,24%), Alemanha (+0,66%), Itália (-1,54%), Japão (+0,32%), Portugal (-1,38%) e Espanha (-1,34%).

Por outro lado, foi superado por 16 países, entre eles Argentina (+4,34%), Chile (+4,02%), China (+8,86%), Colômbia (+4,12%), Índia (+7,02%), Paraguai (+5,16%), Uruguai (+5,24%), Bolívia (+4,94%) e Costa Rica (+3,42%). Os dados foram compilados pelo Banco Mundial (Bird), considerando as divulgações oficiais de cada país, e estão disponíveis para consulta em sua página na internet.

Previsão do mercado para o Brasil

Segundo economistas dos bancos, a situação por aqui não deve melhorar tão cedo: até 2018, a expectativa do mercado financeiro é que o PIB cresça no máximo 3%, segundo o boletim Focus, que aponta a expectativa do mercado. 

A última vez que a economia brasileira avançou mais de 3% foi em 2010, quando a expansão atingiu a marca de 7,5%, comparável ao ritmo chinês de crescimento. Desde então, a maior taxa foi a de 2013 (2,5%). Para este ano e o próximo, as previsões são de altas de 0,7% e 1,2%.

Em 2016, 2017 e 2018, por sua vez, as previsões dos economistas do mercado financeiro são de altas de 2,3%, de 3% e de 3%, respectivamente. Se as expectativas se concretizarem, o Brasil vai completar 8 anos de crescimento máximo de 3%: de 2011 a 2018.

O que fazer?

Uma das principais medidas para estimular o crescimento, segundo especialistas, é a redução de impostos. Mas ela deve ser bem feita e acompanhada de outras ações para o desenvolvimento do país.

"Com menores tributos, as famílias teriam mais renda disponível para consumir e para poupar, o que aumentaria nossa capacidade de investimento. Para reduzir a carga tributária, é necessário melhorar a qualidade dos gastos públicos por meio da melhoria na gestão", avalia Eduardo Bassin, economista da Bassin Consultoria. Ele acrescenta que é preciso qualificar o cidadão para que ele seja um trabalhador com maior produtividade, além de resolver problemas de infraestrura.

Para o professor Gilberto Braga, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), a reforma tributária é "urgente" no Brasil, com menor cobrança de impostos (desoneração) sobre o consumo e a produção, e aumento da taxação sobre a "acumulação de capital". "É impossível um ambiente empresarial com mais de 60 tributos."

Ele recomenda ainda o controle a inflação, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal (controle de gastos dos estados e municípios), do sistema de metas de inflação e da eficiência na gestão pública. Para a educação, ele sugere melhores escolas, professores e reforma de currículos, estimulando o conhecimento prático.

Emerson Marçal, coordenador do centro de macroeconomia aplicada da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, diz que seria importante não só reduzir a carga tributária do Brasil, mas também simplificar a estrutura dos tributos. "É um coisa complicadíssima fazer negócio com a estrutura tributária que a gente tem". Ele também sugere aumentar a integração comercial, pois avalia que o Brasil "está isolado do mundo".

"Também têm uma agenda de concessões de infraestrutura, que avançou, mas não na velocidade necessária. Não só portos, aeroportos, mas também infraestrutura urbana, como mobilidade", avalia Marçal. O pesquisador sugere ainda olhar com mais atenção educação básica no Brasil. "Precisa formar gente de melhor qualidade para o país dar um salto. Não tem país que se desenvolveu sem dar um grande salto na educação. Desde o ensino básico até a universidade."

A opinião da indústria

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representa o empresariado brasileiro, seria importante melhorar a gestão fiscal (controle de gastos públicos) para reduzir o papel da taxa de juros no controle da inflação no Brasil. A entidade também pede redução dos custos do investimento no Brasil.

Sobre a educação, a entidade diz que é preciso facilitar o acesso da população à escola, além de melhorar a qualidade do ensino básico e aumentar a oferta do profissional. "São necessários cinco trabalhadores brasileiros para fazer o que um norte-americano faz no mesmo setor, ou quatro para fazer o que um alemão faz ou então três para igualar a produtividade de um sul-coreano”, afirma Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da CNI.

A entidade também defende a modernização da regulação das relações do trabalho combinando proteção ao trabalhador com foco na competitividade, além de um marco legal para regulamentar o processo de terceirização na economia brasileira. "Não se pode coibir a terceirização ou estabelecer condições que, de tão difícil cumprimento, a inviabilizem e deixem o ambiente de negócios desfavorável à geração de empregos e à competitividade empresarial", avalia.

Para a indústria brasileira, também é preciso aumentar a eficiência do processo de licenciamento ambiental. "Para isso, a indústria precisa de agilidade e transparência no licenciamento, clareza e padronização de conceitos e normas, além de procedimentos menos onerosos e burocratizados", afirma Rafael Lucchesi.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, reclama da taxa de investimento da economia brasileira, atualmente em cerca de 18% do PIB. Para ele, ela deveria ser, pelo menos, de 24% do PIB. "Estamos muito longe de quem deseja crescer. É preciso aumentar a eficiência do Estado e fazer mais com menos recursos."
Martins também defende a modernização da lei trabalhista.

"A legislação atual é ultrapassada. É preciso regulamentar a terceirização, mas sem precarizar as relações de trabalho. Que o Ministério do Trabalho fiscalize quem está errado. Também precisamos melhorar a capacitação dos trabalhadores", afirma. Em sua visão, também é preciso fazer uma legislação ambiental específica para as áreas urbanas.

Dá pra crescer no curto prazo?

Com tantas dificuldades, o G1 questionou os economistas sobre uma possível expansão no curto prazo. O Brasil estaria condenado a ter, nos próximos anos, baixo crescimento do PIB, conforme estimam os economistas consultados pelo Banco Central?

Para o professor Gilberto Braga, do Ibmec, com a estrutura jurídica, tributária e a abordagem social, o Brasil está fadado a ter crescimento baixo nos próximos anos. "Só crescemos um terço do que podemos."

Já o economista Eduardo Bassin avalia que talvez não seja adequado afirmar que o Brasil está fadado a ter vários anos de crescimento baixo.

"Entendo que é imprescindível diminuir a crise de confiança que assola os agentes econômicos há alguns meses. Ao alterar as expectativas dos agentes, já teríamos um ambiente mais adequado ao crescimento, independente de quem seja o próximo presidente. Obviamente é necessário que implementemos medidas e reformas estruturais de forma a aumentar o dinamismo de nossa economia", conclui.

Emerson Marçal, da FGV-SP, recomenda enfrentar os "gargalos" que impedem um crescimento maior da economia. "Tem que fazer a lição de casa direitinho.

Se fizer uma política econômica mais próxima do tripé [metas fiscais, de inflação e câmbio flutuante], você não vai ter dúvida sobre o primário [meta fiscal], a taxa de inflação. E isso pode facilitar o ambiente de negócios. Com contas certas e nível de preços [controlados], há mais previsibilidade", diz ele, acrescentando que isso pode melhorar a confiança e ajudar a estimular a economia no curto prazo.

Segundo Marçal, com a economia "patinando" e crescendo por três anos ao redor de 1% a 2%, isso não contribui para o aumento do chamado "PIB potencial", ou seja, possibilidade de o Brasil crescer sem gerar desequilíbrios, como, por exemplo, pressões inflacionárias.

"Deve estar por aí o PIB potencial [em torno de 2% de alta]. Quando os economistas veem que o crescimento do PIB está próximo do PIB per capita, a economia está estagnada, ou muito próxima da estagnação. Tem de retomar uma agenda pró-produtividade, com uma agenda de curto e longo prazo."

Alexandro Martello/G1/JE

ritmo de crescimento, crescimento econômico, crise financeira internacional

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