Tragédia econômica transporta gregos de volta para anos 80
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Foto: Reuters
A crise econômica na Grécia é tão dramática que apagou décadas de avanços em poucos anos.
Corrigida pela inflação e considerando os impostos, a renda disponível dos gregos mais ricos já voltou para níveis de 1985. Entre os mais pobres, o dinheiro na mão é equivalente ao registrado em 1980.
A Grécia teve dois períodos de forte crescimento da renda. O primeiro aconteceu entre o fim da ditadura em 1974 e durou até 1986, sendo seguido de uma década de estagnação.
A renda volta a crescer a partir de 1994 até 2009, especialmente entre os mais ricos, mas daí vem o que pode ter sido o pior desastre econômico da história moderna.
Veja o gráfico criado por Max Roser, pesquisador da Universidade de Oxford. A linha roxa se refere aos 10% mais ricos e a azul escura aos 10% mais pobres, com todos os outros intervalos neste ínterim.
Histórico
A crise financeira de 2008 começou nos Estados Unidos mas logo acabou batendo na Europa, que teve que lidar com o estouro de suas próprias bolhas imobiliárias.
A atividade despencou e levou a receita do governo junto, o que alimentou a desconfiança entre investidores de que países com altos déficits e níveis de endividamento conseguiriam honrar suas dívidas.
A Grécia, em especial, mostrou números piores do que se imaginava. A entrada do euro em 2001 significou entrada de recursos, mas perda de competividade; eventualmente, ficou claro que era impossível para um único câmbio e banco central favorecer economias tão diferentes como a grega e a alemã.
Desde 2010, a Grécia tem recebido regularmente resgates bilionários da chamada "troika" (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).
Em troca, o país implementou políticas duras de cortes de gastos que incluíram demissões e diminuição de salários em grande escala. O desemprego atingiu um pico de 28% em setembro de 2013 (e não caiu muito desde então).
A austeridade segurou o crescimento sem mexer muito no endividamente em relação ao PIB, que já passa de 170%. Quando a economia ensaiava uma reação, os gregos elegeram o partido de esquerda Syriza, que tenta obter com a troika termos mais favoráveis de financiamento.
Os impasses são frequentes e há muita gente apostando em uma saída da zona do euro (de consequências imprevisíveis). Por onde quer que se olhe, a tragédia grega está longe de um final feliz.
João Pedro Caleiro/EXAME/JE
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