Prisão de Eduardo Cunha movimenta o Congresso e a política brasileira
Brasil - Ações Judiciais - Consequências Imprevisíveis
Acompanhe a cobertura, os detalhes e a análise da prisão do ex-deputado e ex-presidente da Câmara com as reportagens direto de Brasília e Curitiba.
Foto: Divulgação
Um dos homens mais poderosos na política brasileira foi preso na quarta-feira (19) pela Operação Lava Jato. Na crise e no drama político brasileiro Eduardo Cunha teve um papel central, pelo que fez, pelo que sabe, pelo que viu e eventualmente pelo que lembra. Ele voltaria a ter um papel importante na política brasileira?
A REAÇÃO DO CONGRESSO
A prisão de Eduardo Cunha, depois de ele ter perdido o mandato, o direito de ser julgado pelo STF e de ter ido parar na área de julgamento do juiz Moro, era prevista no mundo da política.
A surpresa, entretanto, ficou por conta do momento da prisão. Esperava-se que o encarceramento preventivo fosse definido no futuro, depois da manifestação da defesa e não agora. A surpresa na Câmara dos Deputados era tão grande que o plenário acabou esvaziado logo em seguida à notícia da prisão do ex-presidente da casa.
A sessão teve que ser encerrada por falta de quórum. Pelos corredores e cafezinhos parlamentares atônitos especulavam sobre o que poderá acontecer, quais serão os desdobramentos de mais este episódio envolvendo aquele que tempos atrás foi escolhido pela maioria dos colegas para presidir a Câmara e que, depois de suspenso das funções por ordem judicial, teve o mandato cassado pela maioria dos deputados. Mais uma vez o nome de Eduardo Cunha esteve no centro das atenções no Congresso Nacional.
A PRISÃO
O avião que trouxe o ex-presidente da Câmara de Brasília pousou em Curitiba às quinze pras 5 da tarde. Cunha foi levado diretamente para a sede da Polícia Federal, onde ficará por tempo indeterminado.
No despacho, que decretou a prisão, o juiz Sérgio Moro disse que a dimensão e o caráter serial dos crimes de cunha são característicos de risco à ordem pública. Entre esses crimes, segundo o Ministério Público, está o recebimento de propina de US$ 1,5 milhão da venda do campo petrolífero do Benin, na África, para a Petrobras. O dinheiro teria ido para contas secretas na Suíça.
Segundo os investigadores, Cunha era o responsável por indicar o diretor da área internacional da Petrobras e, em troca, o escolhido concedia vantagens indevidas ao então deputado. Cunha teria, inclusive, usado dinheiro de propina para pagar o casamento da filha.
O juiz Sérgio Moro ressaltou que a movimentação financeira de Cunha e da mulher dele, Claudia Cruz, é incompatível com os rendimentos declarados pelos dois.
O advogado de Cláudia Cruz diz que ela continua colaborando com a Justiça e vem esclarecendo todos os fatos apontados na denúncia.
Ainda segundo Moro, nem mesmo a perda do mandato de deputado, em setembro, foi suficiente para prevenir os riscos de cunha cometer novos crimes. O juiz afirmou que se o ex-deputado continuasse solto, poderia atrapalhar as investigações.
Moro listou situações em que cunha teria intimidado testemunhas, colaboradores e até mesmo advogados que poderiam prejudicá-lo, durante a CPI da Petrobras, em 2015.
O Ministério Público Federal ressaltou que Cunha e os familiares dele têm cidadania italiana, o que poderia facilitar uma fuga. Agora, os investigadores procuram por US$ 13 milhões que Cunha teria ocultado em contas nos Estados Unidos.
O advogado de Eduardo Cunha disse que não vê elementos suficientes para a prisão. "Esse pedido de prisão ficou no Supremo por quase mais de quatro meses, o Supremo não decidiu, o que significa que não havia elementos para prender, porque um pedido de prisao é uma coisa urgente, e em menos de uma semana ele acaba sendo preso aqui sem qualquer fato novo. Mas eu acho que o mais importante é esclarecer essas circunstancias da prisao, que demonstra a forma serena que se espera que esse processo seja conduzido", diz Ticiano Figueiredo, advogado de Eduardo Cunha.
DO AUGE À QUEDA
É difícil entender a política brasileira dos últimos anos sem se dedicar a alguns indivíduos. Entre eles, Eduardo Cunha, descrito por amigos e inimigos como astuto, inescrupuloso, hábil e muito bem articulado. A ascensão de Cunha ao poder foi longa e bem preparada, mas a queda foi impressionantemente rápida.
Comparado ao tempo que ele levou para construir o poder que ele teve e o grau de influência. Ele estava na Câmara dos Deputados desde 2003. A derrocada começou no primeiro semestre do ano passado, quando apareceu na primeira lista de políticos suspeitos de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras. Um personagem controverso.
No pedido de prisão, o Ministério Público cita que mesmo como réu da Lava Jato, Cunha ainda tinha influência política conseguindo indicar apadrinhados para o governo Temer. A Secretaria de Comunicação da Presidência nega isso, mas a gente lembra que quando Michel Temer era presidente interino se encontrou com Eduardo Cunha, no Palácio do Jaburu, em uma reunião fora da agenda oficial. A assessoria da presidência disse, na época, que trataram de conjuntura política. A ordem no Planalto foi que ninguém comentasse a prisão. Quem falou, rapidamente, foi o líder do governo no senado.
A REAÇÃO DO GOVERNO
"Eu não gosto de ver uma pessoa, um líder político que ocupou a posição importante que ele ocupou, preso. Isso não me alegra. Agora, preocupaçao para o governo, não, zero. Cada um sabe o que deve. Mas, para o governo, não tem nenhuma preocupação",
Eduardo Cunha era um profundo conhecedor do regimento da câmara. e usou, de acordo com a oposição, manobras para votar projetos que ele queria e também pra atrasar o quanto pôde o processo de cassação do mandato dele no Conselho de Ética.
Quando começou pra valer a queda de braço com o governo Dilma, ele não facilitou nada as votações de projetos de interesse do governo. O deputado que chegou a ser um dos políticos mais influentes da república foi para prisão
TRAJETÓRIA
Foram várias as imagens que marcaram os últimos anos de Eduardo Cunha na Câmara. Foi eleito quatro vezes deputado federal. Começou a se tornar mais influente na casa quando virou líder do PMDB, em 2013.
O auge da carreira política foi a vitória folgada para a presidência da Câmara, em fevereiro de 2015. Pouco tempo depois a Lava Jato descobriu um requerimento da Câmara que teria sido usado para pressionar um dos delatores do esquema de corrupção da Petrobráas, Julio Camargo, a pagar propina a Eduardo Cunha.
Por conta própria, ele decidiu ir à CPI da Petrobras se defender. Na ocasião, ao ser questionado por um deputado se ele tinha conta no exterior, ele negou.
Mais tarde, surgiriam evidências de contas em nome dele fora do país. Cunha continuou negando o recebimento de propina, mesmo quando Julio Camargo, em delação premiada, confirmou que Eduardo tinha cobrado dele US$ 5 milhões do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
Já no fim de setembro a Procuradoria-Geral da República confirmou ter recebido da promotoria da Suíça documentos que comprovavam a existência de contas secretas de Cunha e de parentes, mantidas na Suíça. no começo de outubro, foi feito o pedido de abertura de processo contra Cunha por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, por ter mentido na CPI da Petrobras.
A CASSAÇÃO
Em dezembro, cinco meses depois de ter rompido com o governo por questôes de apoio político, o deputado acolheu o pedido de impeachment de Dilma.
Também em dezembro do ano passado, a Lava Jato fez operação de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara. A PGR acusou formalmente Cunha de esconder dinheiro no exterior e pediu ao supremo tribunal federal o afastamento dele da Câmara.
Neste ano Cunha se tornou o primeiro político a virar réu na Lava Jato. Em maio, por unanimidade, o supremo o afastou da presidência. Em junho, o Conselho de Ética aprovou a recomendação para cassar o mandato.
Cunha chegou a renunciar à presidência. Já não tinha como barrar a votação do processo no plenário. No dia 12 do mês passado, dia da votação, eduardo cunha que vivia cercado de aliados, quase não foi nem cumprimentado no plenário. No final, 450 deputados votaram pela cassação.
E AGORA?
A expectativa agora é se será possível fazer acordo de delação premiada de eduardo cunha.
ele é, sem dúvida, um arquivo vivo. Quando foi cassado, caiu atirando no governo Temer e já teve fez acusações contra um dos braços direitos do presidente: o secretário especial do programa de concessões, Moreira Franco, sogro do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Mas, oficialmente, o Planalto diz que a preocupação com uma eventual delação de Cunha é zero. Agora é esperar.
G1
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