Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do país'
Brasil - Comportamento - A Verdade
Ex-ministro enviou carta de desfiliação à presidente do PT, Gleisi Hoffmann
Foto: O ex-ministro Antonio Palocci foi condenado na Lava-Jato por intermediar pagamentos de US$ 10 milhões da Odebrecht (Reprodução)
O ex-ministro Antonio Palocci se adiantou ao procedimento de expulsão iniciado pelo PT na semana passada e pediu desfiliação do partido. Em uma carta de quatro páginas, Palocci diz que decidiu colaborar com a Justiça e sugere que o PT faça o mesmo por meio de um acordo de leniência entre o partido e a Lava-Jato. O ex-ministro aproveitou para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota, Lula disse que Palocci inventa acusações sem prova para obter acordo
"Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do país' enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!!) são atribuídos a Dona Marisa? Afinal, somos um partido sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?", escreveu Palocci.
O ex-ministro disse que estava disposto a enfrentar qualquer procedimento de natureza ética no partido sobre os crimes que cometeu nos governos do PT.
Palocci disse ainda que chegou a conversar com Lula e Rui Falcão, ex-presidente do partido, sobre uma suposta proposta de acordo de leniência entre o PT e a Lava-Jato sugerida pelo ex-tesoureiro do partido, João Vaccari. Palocci reafirmou as acusações que fez contra o ex-presidente em seu interrogatório ao juiz Sergio Moro no último dia 6.
"São situações que presenciei, acompanhei ou coordenei normalmente junto ou a pedido do ex-presidente Lula. Tenho certeza que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso", disse Palocci, que relembrou uma entrevista de Lula após o mensalão em que o ex-presidente admitiu o uso de caixa dois nas eleições.
O ex-ministro disse ter visto Lula "sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos do seu governo". Em sua carta ele cita o que considerou conquistas de Lula, como o pleno emprego, aprovação em níveis recordes, a escolha do país para sedir a Copa do Mundo, Olimpíadas e o "advento da riqueza (e da maldição) do pré-sal. Para o político, conquistas que foram deixadas de lado:
Palocci escreveu: "'O cara', nas palavras de Barack Obama, dissociou-se definitivamente do menino retirante para navegar no terreno pantanoso do sucesso sem crítica, do 'tudo pode', do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas detalhes, notas de rodapé no cenário entorpecido dos petrodólares que pagarão a tudo e a todos".
Palocci ainda cita uma reunião ocorrida na biblioteca do Palácio do Alvorada em que Lula teria encomendado que os contratos de sondas do pré-sal fossem utilizados para financiar as campanhas do partido.
"Um dia, Dilma e (José Sérgio) Gabrielli dirão a perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião na biblioteca do Alvaroda, onde Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda nossa história", disse.
Ao final da carta, Palocci pediu a Gleisi Hoffman que o PT se renove para recriar a esperança de um exercício saudável da política e voltou a afirmar que apoia a proposta de um acordo de leniência do PT.
"Por todas essas razões, ofereço a minha desfiliação e o faço sem qualquer ressentimento ou rancores. Meu desligamento do partido fica então à vossa disposição", concluiu.
O Globo
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