Moro deve ouvir novamente dono de apartamento vizinho ao de Lula investigado pela Lava Jato
Brasil - Ações Judiciais - Operação Lava Jato
Glaucos da Costamarques disse que assinou recibos de alugueis quando estava internado, após receber visita de advogado do ex-presidente Lula, mas registros hospitalares dizem que o jurista não o visitou.
(Foto: Reprodução)
O empresário Glaucos da Costamarques, réu em um processo da Operação Lava Jato, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será reinterrogado pelo juiz Sérgio Moro, nesta sexta-feira (15). Além dele, Moro também deve ouvir o contador João Muniz Leite. Os depoimentos estão marcados para as 10h.
Os dois devem falar a respeito das divergências entre o Ministério Público Federal (MPF) e a defesa de Lula, sobre uma série de recibos que comprovariam o pagamento de aluguéis de um apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
O imóvel é um dos alvos do processo em que Lula e Costamarques são réus. De acordo com o MPF, o empresário adquiriu o apartamento com dinheiro da Odebrecht, com o objetivo de repassá-lo sem custos ao petista. Seria parte de uma propina da empreiteira ao ex-presidente, por ter supostamente atuado a favor da empreiteira em contratos com a Petrobras.
A defesa de Lula, no entanto, contesta essa versão e apresentou uma série de recibos, datados entre 2011 e 2015, em que estariam comprovados os pagamentos dos alugueis a Costamarques. Os recibos são em nome da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que firmou o contrato junto ao empresário, que assinou os documentos.
O MPF, por sua vez, entrou com um pedido na Justiça para que a origem desses recibos seja investigada. Para os procuradores, os documentos são ideologicamente falsos, ou seja, foram produzidos para dar aparência de legalidade a atos ilegais.
O advogado de Costamarques afirmou que o cliente assinou parte desses recibos quando estava internado no Hospital Sírio-Libanês. A versão da defesa do empresário é a de que o advogado de Lula, Roberto Teixeira, visitou o empresário e pediu para que ele assinasse os papeis. Dias depois, o contador João Muniz Leite, que atendia a Lula e a Costamarques, foi ao hospital com uma série de recibos, que foram assinados.
Na terça-feira (12), a defesa de Lula apresentou o resultado preliminar de uma perícia informal feita nos recibos. Segundo os advogados do ex-presidente, o laudo indica que os recibos são originais e autênticos. A defesa também diz que os recibos foram assinados em datas diferentes, o que contradiz a versão de Costamarques.
Agora, Moro quer ouvir novamente Costamarques e colher também o depoimento de João Leite, para tentar entender a origem desses documentos. Embora tenha sido citado durante essa fase do processo, o contador não consta no rol de réus dessa ação penal, a qual também respondem o ex-ministro Antônio Palocci, o ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros executivos da empreiteira.
G1
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