Vai ser só o Lula?
Brasil - Ponto de Vista - Julgamento/TRF4
O maior medo do establishment político brasiliense hoje, incluindo aí as dezenas de políticos acusados na Lava Jato, é de que a moda pegue
(Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Porto Alegre (RS) - (Foto: Flickr/Divulgação)
* Por Helena Chagas
O TRF4 veio com a mão pesada, mais até do que jamais sonharam as forças que querem se livrar de Lula na eleição deste ano. O aumento da pena de 9 anos e meio para 12 anos e um mês, e, sobretudo, a declaração dos desembargadores de que ela pode começar a ser executada já a partir do julgamento dos embargos declaratórios no próprio tribunal – o que lhe dá o controle do tempo – acenderam a luz vermelha. Em tese, Lula pode estar na cadeia no dia da eleição.
Mas há recursos e recursos para o ex-presidente e candidato, um caminho que pode ser longo, segundo a expectativa de seus aliados, que colocam suas esperanças no STJ e no STF para derrubar a inelegibilidade e até a cadeia.
Muita coisa vai depender da capacidade dos petistas de reforçar a narrativa da vitimização e da perseguição a Lula, da reação da militância e dos simpatizantes nas ruas, e das próximas pesquisas. Todo mundo sabe que as Cortes superiores de Brasília costumam ser bastante sensíveis à opinião pública, e não vão tomar qualquer decisão antes de avaliar para que lado o vento sopra. A única certeza é que vamos assistir, nos próximos dias, a uma disputa de narrativas.
Só que o TRF4 parece que veio para brigar, e não parece estar sozinho. A dura decisão de Porto Alegre começa a ser interpretada como um gesto de reação das forças ligadas à Lava Jato. Principalmente, um movimento de reafirmação de parte do Judiciário, que se sente ameaçado por iniciativas legislativas dos políticos.
Isso ficou claro no discurso não técnico do julgamento, pano de fundo do juridiquês. Na sequência dos votos no TRF4, o relator João Pedro Gebran e os desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus fizeram questão de elogiar o juiz Sérgio Moro e rebater os reparos que vêm sendo feitos a algumas de suas condutas. O tribunal deixou claro não considerar haver excessos na Lava Jato de Curitiba – pelo jeito, nem o Power point de Deltan Dallagnol -, ressaltando a importância de institutos como a delação premiada e a condução coercitiva. Gebran chegou, inclusive, a afirmar que não houve nada de errado na condução coercitiva de Lula. Isso num momento em que o instrumento está suspenso por liminar do ministro do STF Gilmar Mendes.
É por aí que, em meio à surpresa com o rigor da decisão do TRF4, um certo vento de inquietação começou a soprar em Brasília. Condenar, aumentar a pena e ameaçar prender um ex-presidente da República que continua sendo o maior líder popular do país não é um ato banal. É uma enormidade, que terá conseqüências, e não só eleitorais.
Ainda não estão claros todos os efeitos do julgamento de Porto Alegre na política e no comportamento da sociedade. Pode haver um sentimento de solidariedade a Lula e uma radicalização política e social. E pode haver também o crescimento de uma onda supostamente moralizadora, que vai olhar de Porto Alegre para Brasília e perguntar: é só o Lula?
O maior medo do establishment político brasiliense hoje, incluindo aí as dezenas de políticos acusados na Lava Jato, é de que a moda pegue. E tome a forma de fortes cobranças ao STF, que tem nas mãos as investigações sobre Michel Temer, Aécio Neves, Renan Calheiros, Romero Jucá, Moreira Franco, etc…
* Helena Chagas é jornalista desde 1983. Já exerceu funções de repórter, colunista e direção em O Globo, O Estado de S.Paulo, SBT e TV Brasil. Foi ministra chefe da SECOM de 2011 a 2014 e hoje é consultora de comunicação
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