Sexta-Feira 26/04/2024 15:00

Cidade mais violenta do país, Queimados pede mais policiamento

Brasil - Polícia - Violência

Queimados, na região metropolitana do Rio de Janeiro, carrega o título de uma das cidades mais violentas do país - Tomaz Silva/Agência Brasil

Quem chega ao município de Queimados, na Baixada Fluminense, tem a impressão de uma calma aparente, típica das pequenas cidades do interior. Ao lado da estação de trem, aposentados jogam damas na pracinha e pessoas perambulam pelo comércio. Nada que faça suspeitar que o local é classificado como o mais violento do Brasil, segundo a última edição do Atlas da Violência, publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O combate à violência será um dos desafios dos governantes que serão eleitos em outubro e a segurança pública é um temas das reportagens especiais da Agência Brasil sobre as eleições 2018. 

O relatório, lançado em junho passado, referente a 2016, apontou o recorde de 134,9 homicídios e mortes violentas por 100 mil habitantes em Queimados, que fica a 50 quilômetros da capital. A média nacional, nesse mesmo ano, para municípios com mais de 100 mil habitantes, foi de 38 homicídios, quase quatro vezes menos. Queimados tem 145 mil habitantes. 

Esse título de campeã não orgulha, é claro, nenhum de seus habitantes. Pelo contrário. Alguns acham exagerado o número e se dizem tranquilos ao andar pelas ruas. Outros, reconhecem que há violência na cidade, mas creditam a locais específicos, como as três comunidades existentes. “Acho absurda essa fama. Insegurança tem em todas as cidades do país. Aqui tem bairros perigosos, mas eu nunca fui assaltado. À noite é que as pessoas preferem ficar em casa e eu mesmo não trabalho depois das 20h”, disse o taxista Hélio Júnior da Silva Melo, cujo ponto é próximo à estação de trem e à pracinha, onde grupos se reúnem em torno de mesas de concreto com tabuleiros de dama pintadas.

A praça fica quase em frente ao Morro da Caixa D´Água, considerado um dos mais violentos da cidade, do outro lado da linha do trem. “Lá no Rio é mil vezes pior. Eu não tenho medo de andar na rua. A qualquer hora, eu saio”, garantiu o ambulante Ailton de Paula, sendo rebatido pelo aposentado João Martins. “Aqui em Queimados é perigoso sim. No Morro São Simão, toda noite matam gente. Ali na Pedreira, expulsaram morador. É muito violento. É milícia com bandido, é bandido com polícia. É geral”, disse João. Segundo o aposentado, no asfalto não há ocorrência de tiros ou mortes. O problema, segundo ele, são os furtos de celular, praticados por ladrões que vêm de bicicleta e arrancam o aparelho da mão das vítimas. Assaltos a lojas acontecem, mas são raros.

O secretário de Segurança de Queimados, Alan Tavares Perfeito, considerou que os números do Ipea retrataram um suposto ponto fora da curva, um pico de violência que aconteceu em 2016, quando houve o recrudescimento da disputa pelos morros, entre traficantes e milicianos.

Ele argumenta ainda que, nos últimos dois anos, 11 indicadores do Instituto de Segurança Pública foram reduzidos. Entre eles, homicídio doloso, homicídio culposo, roubo de veículos, roubo a transeunte e furtos.

Entre as principais medidas anunciadas pelo secretário está a criação da Guarda Municipal, que deverá começar a operar até dezembro, com 14 integrantes e quatro veículos próprios. Além da função prioritária de dar segurança ao patrimônio público, os guardas também vão atuar ostensivamente nas ruas, com objetivo de prevenir pequenos crimes e delitos. A Guarda Municipal atuará em conjunto com 20 policiais militares voluntários que trabalham para o município durante os dias de folga, através do Proeis (Programa Estadual de Integração na Segurança).

Meio policial por quilômetro quadrado

O número de homicídios em Queimados este ano continua alto. Segundo o último levantamento do ISP, da Secretaria de Estado de Segurança, as mortes violentas na cidade, nos primeiros seis meses deste ano, estão em 36 por 100 mil, o que daria, em 12 meses, 72 por 100 mil. Menos do que o recorde mostrado pelo Ipea, mas bem superior à média estadual, de 40 por 100 mil, em 2017.

O município não tem um batalhão da Polícia Militar. Além de Queimados, o 24º Batalhão da Polícia Militar é responsável também pelos vizinhos Japeri, Paracambi, Seropédica e Itaguaí. São 400 homens para 850 quilômetros quadrados. O município tenta junto ao estado aumentar o efetivo para 600 policiais. Hoje tem meio policial por quilômetro quadrado. Para efeito de comparação, Ipanema e Leblon têm 20 policiais por quilômetro quadrado.

A principal medida destacada pela prefeitura para melhorar a segurança foi a criação, em 2017, de uma companhia militar, além da compra de viaturas e aumentos das rondas para combater a saidinha de banco e roubo de celulares. Ao que tudo indica, as medidas repressivas foram insuficientes. Segundo o último levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Estado de Segurança, as mortes violentas na cidade, nos primeiros seis meses deste ano, estão em 36 por 100 mil, o que daria, em 12 meses, numa projeção não estatística, 72 por 100 mil. Menos do que o recorde mostrado pelo Ipea, mas bem superior à média estadual, de 40 por 100 mil, em 2017.

O município defende mais policiamento ostensivo para tentar reverter os índices.

Falta hospital 

Se a morte violenta é uma constante em Queimados, nascer ou viver com saúde também é uma dificuldade. Sem maternidade nem hospital púbico, os moradores têm que recorrer a outras cidades para darem fazerem o parte ou se tratarem de problemas mais graves.

Na única Unidade de Pronto Atendimento (UPA), é comum as pessoas passarem horas esperando por atendimento. Mas o pior, relatam os pacientes, é não dispor de um hospital no município. Para casos mais graves, a saída é pegar um trem, fazer baldeação em uma estação mais adiante, e ir até o Hospital Salgado Filho, no Méier, zona norte do Rio.

“Tem vezes em que a espera por atendimento dura o dia todo. A última vez que vim, fiquei aguardando 5 horas para ver o médico. Precisamos ter um hospital aqui em Queimados”, relatou o desempregado Cristiano de Souza, na saída da UPA.

Outros reclamam da falta de uma maternidade pública, pois é necessário ir a outros municípios, como o Rio ou Nova Iguaçu, para fazer os partos. “Minha cunhada precisou ir a Nova Iguaçu para ter o bebê. Faltam muitas coisas na área de saúde aqui”, disse a desempregada Silvana, que preferiu não dizer o sobrenome, que amputou o pé esquerdo por causa do diabetes, justamente por não ter feito acompanhamento médico adequado.

O município doou um terreno para construção do hospital. Uma estrutura chegou a ser erguida no passado, mas ficou apenas no esqueleto: a obra foi paralisada por problemas na licitação.

Desemprego 

Além da carência no atendimento de saúde, os moradores de Queimados enfrentam outro problema, a falta de emprego formal. Distantes cerca de 50 quilômetros do Rio, principal polo gerador de empregos do estado, os moradores dispõem de ônibus intermunicipais, que têm tarifa mais elevada, ou do trem, que é barato, mas leva mais de uma hora até a Central do Brasil, o que acaba prejudicando os candidatos às vagas.

Segundo dados do IBGE, somente 11,7% da população está ocupada, o que confere à cidade posição 83, do total de 92 municípios do Rio de Janeiro. O salário médio, ainda segundo o IBGE, é de 2,3 salários mínimos, mas o índice de pessoas com rendimento mensal de até meio salário mínimo é alto, de 39%.

O drama do desemprego pode ser medido não apenas em números, mas nas histórias de pessoas que procuram um posto de emprego e renda no município. “É muito difícil. Nunca tem vaga. Já faz um ano que estou desempregada. Procuro vagas em várias áreas, pode ser serviços gerais ou vigilância,”, disse Valesca da Silva Ramos, na saída do posto de saúde.

Caso semelhante ao de Anderson Marin, que procura trabalho desde janeiro e não acha. “Aqui em Queimados é muito difícil achar emprego. Só se for por indicação. Estou até pensando em ir embora, ir para outra cidade, por causa da falta de emprego”, desabafou Anderson.

Há quem relacione os problemas de violência no município justamente com a falta de trabalho, como Meire Dias, que foi com a filha, Ana Carolina, ao posto. “Está difícil achar trabalho. Busco vaga de balconista ou mesmo de serviços gerais. Já faz três anos que estou desempregada. O jovem procura emprego e não acha. Ele acaba oprimido e fica uma presa fácil para o tráfico”, disse Meire.

Agência Brasil/JM

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