Jornalista relembra dia em que ouviu Felipão pedir "raiva dessa p... de Corinthians"
Brasil - Esporte - Futebol
Luciana DeMichelli conta bastidores da reportagem que, desde 2000, é lembrada antes de clássicos do Palmeiras contra o maior rival, como será o deste domingo, na arena alviverde
Reprodução/TV Globo
Faz 18 anos, e todo palmeirense ainda se lembra. Depois de uma derrota por 4 a 3 para o Corinthians na primeira semifinal da Libertadores de 2000, ao se reapresentarem na Academia de Futebol, os jogadores do Palmeiras ouviram Luiz Felipe Scolari questioná-los pela falta de malandragem (e de raiva ao rival) no Morumbi.
Não só os jogadores ouviram. Todos os jornalistas que estavam no centro de treinamento também, mesmo do lado de fora do vestiário, porque o técnico falava muito alto, como lembra Luciana DeMichelli, que fazia a reportagem pela TV Globo naquele dia.
– O treino estava atrasado, e o assessor de imprensa resolveu abrir um portão que dava acesso a uma área restrita dos jogadores. É um portão que sempre estava fechado, mas naquele dia ele deixou a imprensa esperar do lado de dentro – conta a jornalista, que mora nos Estados Unidos desde 2003.
– A gente ficou esperando na parede do vestiário, que era justamente onde o Felipão conversava com os jogadores. Ele começou a falar muito alto dos jogadores do Corinthians, principalmente do Edilson. Ele cobrava uma entrada mais dura. Só que bravo, falando palavrão.
Felipão estava incomodado por ter visto sua equipe deixar o resultado escapar aos 45 minutos do segundo tempo, depois de estar perdendo por 3 a 1 e buscar o empate.
Conforme exibido naquela reportagem de DeMichelli, o treinador escolheu uma lista de adjetivos nada honrosos para o então corintiano Edilson – como "malandro", "covarde", "c…" e "cafajeste" –, cobrou pontapés e cascudos para irritar o adversário e, ao final, fez um pedido que até hoje é lembrado por torcedores:
– Vocês têm que ter na cabeça isso tudo que eu tô falando pra vocês. Raiva dessa p… de Corinthians.
A bronca foi a pauta de todos os veículos de imprensa, a uma semana do jogo de volta, que também seria no Morumbi. As críticas de Felipão após toda a repercussão, porém, se concentraram na jornalista.
– A gente não colocou o microfone na janela, a gente gravou tudo da câmera, porque o Felipão estava realmente falando muito alto. No dia seguinte, ele deu entrevista para uma rádio dizendo: “Aquela menina que eu admirava, que eu respeitava, ela traiu minha confiança, colocou o microfone embaixo do tapete da minha casa" – lembra, sorrindo.
Para evitar maiores problemas, DeMichelli acabou deixando a cobertura diária do clube. Nada que impeça a jornalista de se recordar com admiração do treinador, que ela reencontrou anos mais tarde, na Copa do Mundo de 2006 – seis anos depois de ele ter eliminado o Corinthians da Libertadores nos pênaltis (naquele Marcos x Marcelinho), após uma vitória por 3 a 2 no tempo normal.
– Quase 20 anos depois, o Felipão nunca vai confessar isso (risos), mas tenho dentro de mim que ele fez de propósito. Até por ser um técnico muito inteligente, foi uma estratégia para animar os jogadores, botar uma pilha, fazer aquele confronto com a imprensa, desviar um pouco o foco e conseguir o objetivo maior, que era vencer o Corinthians.
Embora a Academia de Futebol tenha passado por uma ampla reforma, a porta que dá acesso à área dos jogadores e foi excepcionalmente aberta em 2000 fica no mesmo lugar. E continua fechada para os jornalistas, sobretudo nesta terceira passagem de Felipão.
Neste domingo, brigando pelas primeiras posições do Campeonato Brasileiro, ele reencontrará (em casa) o Corinthians pela primeira vez no retorno ao clube. Apesar de não ter mudado tanto, o treinador tem falado menos. Pelo menos para fora do vestiário.
Globo Esporte/PH
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