Quinta-Feira 18/04/2024 12:02

Cinco anos após morte de Leandro Feijão, quase nada mudou nas pesagens do MMA

Mundo - Esporte - UFC/ MMA

Cortes drásticos de peso seguem sendo a norma, mais pessoas morreram e outras chegaram perigosamente perto do mesmo destino. Passou da hora de coibir a prática com ações consistentes

Leandro Feijão morreu após corte de peso mal sucedido para uma luta no Shooto Brasil — Foto: Reprodução / Facebook

Há exatos cinco anos, no dia 26 de setembro de 2013, uma notícia abalava o cenário do MMA mundial: o atleta Leandro Caetano de Souza, o Feijão, morria aos 26 anos de idade, vítima de um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico na véspera de uma luta pelo Shooto Brasil. Leandro havia passado mal durante o corte de peso para bater o limite de 57kg do peso-mosca, e morreu ao chegar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Na época, o procedimento de desidratação para cortar peso foi apontado como grande vilão e possível causa do AVC, e a prática foi severamente criticada mundialmente.

Cinco anos depois, não é exagero dizer que nada mudou. Há iniciativas isoladas e algum debate sobre os perigos dos cortes de peso extremos, mas o procedimento segue sendo a norma para qualquer lutador amador ou profissional, mais pessoas morreram e outras chegaram perigosamente perto do mesmo destino. O caso segue sem resolução.

Pouco foi feito para coibir a prática dos cortes de peso extremos desde então. Cerca de dois anos depois da morte de Feijão, o UFC terceirizou o controle antidoping dentro da companhia à Agência Antidoping dos EUA (USADA, na sigla em inglês), signatária do Código da Agência Mundial Antidoping (Wada). Este código inclui a proibição do uso de soro intravenoso, que vinha sendo utilizado por muitos lutadores para se recuperarem mais rápido de cortes drásticos de peso. Inicialmente, uma série de atletas afirmou que subiria de categoria pela impossibilidade de se recuperar tão rápido sem o soro. Contudo, uma medida da Comissão Atlética do Estado da Califórnia (CSAC) de adiantar as pesagens para a manhã da véspera do evento, aumentando de 24 horas para 36 horas a distância entre a tomada de peso e a luta, acabou sendo adotada também pelo Ultimate, e muitos lutadores viram o maior tempo para reidratação como facilitador para seguir nos cortes de peso tradicionais.

Foi um efeito contrário à intenção da medida da CSAC, que buscava simplesmente reduzir o risco de ter atletas competindo desidratados. A comissão tem sido quem busca mais ativamente soluções para a questão dos cortes drásticos. No ano passado, o órgão aprovou um plano de dez medidas, que incluía pesagens periódicas, recomendação de que o lutador subisse de peso caso se apresentasse mais de 10% mais pesado no dia da luta e criação de novas categorias intermediárias entre os pesos-leves (70kg), pesos-meio-médios (77kg), pesos-médios (84kg), pesos-meio-pesados (93kg) e pesos-pesados (120kg).

Todavia, após mais de um ano da aprovação do plano, sua adoção segue sendo praticamente exclusiva da Califórnia, com poucos pontos adotados em outros estados americanos. As recomendações para que atletas subam de categoria não são honradas por outras comissões. A divulgação dos pesos registrados pelos lutadores na noite do evento revelam ainda que pelo menos 90% deles luta em peso acima do limite da categoria de cima à que competem. Os pesos de Demetrious Johnson e Henry Cejudo no dia da disputa do cinturão peso-mosca (até 57kg) no UFC 227, por exemplo, não os permitiria competir nem no peso-galo (até 61kg): segundo a CSAC, Johnson pesou 64,4kg, e Cejudo, 63,9kg.

Do outro lado do mundo, na Ásia, o ONE Championship tomou uma medida mais drástica após um de seus atletas, o chinês Yang Jian Bing, morrer em 10 de dezembro de 2005 devido a complicações no seu corte de peso. A organização subiu os valores de suas categorias de peso - o peso-mosca, por exemplo, deixou de ser até 57kg para ser até 61kg, o peso-galo deixou de ser até 61kg para ser até 66kg, e assim por diante. Além disso, impôs três checagens de peso e de hidratação, através de testes de gravidade específica da urina, na semana da luta. Lutadores que apresentam desidratação são impedidos de competir, independentemente de terem batido o peso. Teoricamente, é um controle mais rigoroso e que garante que os atletas lutem mais próximos de seu peso natural, apesar de alguns lutadores dizerem que há formas de burlar o sistema. A falta de transparência do processo do ONE dificulta que se tenha uma melhor noção do seu funcionamento. Nenhuma outra organização adotou este sistema.

Sem medidas consistentes, os cortes de peso drásticos continuam sendo a norma. Cenas de lutadores chegando à pesagem ou deixando a balança visivelmente debilitados e amparados por treinadores são comuns, assim como o cancelamento de lutas porque um atleta teve de ser levado às pressas ao hospital. Aconteceu com Max Holloway, campeão dos pesos-penas (até 66kg) do UFC, e com Nicco Montaño, até então campeã dos pesos-moscas. O caso de Montaño foi estarrecedor pela falta de empatia e apoio de outros lutadores, inclusive Joanna Jedrzejczyk, que já revelou quase ter morrido num corte para bater o peso-palha (até 52kg), mas detonou a companheira de profissão por não bater o peso.

Também este ano, outro caso preocupante aconteceu com um lutador do Shooto Brasil: Alexandre Pereira Silva sofreu insolação durante um corte de peso para lutar no evento e passou meses em coma. Recentemente, o jovem de 21 anos de idade recobrou os sentidos, mas ainda está internado no hospital, segundo o site “MMA Fighting”. Sua recuperação é considerada um milagre, mas é provável que ele jamais retorne às lutas.

É comum ouvir lutadores questionarem se vai ser preciso alguém morrer para que mudanças aconteçam. Mas é o seguinte: lutadores já morreram. Só não morreram no UFC ou Bellator. Não foi porque os cortes são mais profissionais ou seguros nessas organizações, mas simples questão de sorte e atenção das comissões médicas envolvidas. Não é preciso que haja nenhuma outra morte para que essa prática afete negativamente o resto da vida desses lutadores, seja por danos aos rins, seja por sequelas de golpes sofridos com o corpo desidratado.

Já passou da hora de um debate mais sério e ações mais diretas para coibir esses cortes drásticos. A questão merece mais esforço de todos os envolvidos no MMA, para que outros não tenham o mesmo destino trágico de Leandro Feijão.

Sport TV/PH

Esporte, MMA, Pesagens, Cortes Drásticos de Peso, Leandro Feijão

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