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Um atacante nascido no Nordeste do Brasil, que deixou o país muito jovem, ainda pouco conhecido, e rumou ao futebol alemão para defender o Hoffenheim. A história, à primeira vista, pode parecer do começo da década, com um personagem que hoje é jogador da seleção brasileira, mas trata-se, na verdade, de Joelinton, ex-jogador do Sport.

Três anos depois de ser contratado pelo clube do sul da Alemanha, o pernambucano de Aliança tornou-se o homem gol da equipe, e, consolidado como titular, segue ouvindo comparações com Roberto Firmino. Mas, apesar de seguir os passos do agora atacante do Liverpool, Joelinton pretende ter seu próprio espaço na história do clube.

- Logo quando eu cheguei, no primeiro ano, me chamaram de novo Firmino. Sempre procurei deixar isso de lado. O Firmino jogou bem, teve sua história e sua importância no tempo dele. Mas a gente nem joga na mesma posição, temos funções diferentes. Sei da qualidade e da história dele, mas eu quero fazer meu caminho, sem ficar na sombra dos outros - diz.

Apesar de ter uma trajetória semelhante à de Firmino, Joelinton garante que tem algumas diferenças para o alagoano: ele atua como um atacante de referência "que segura a bola e briga com os zagueiros", enquanto Firmino se desloca mais para fora da área. E, apesar de apontar uma técnica e velocidade semelhantes às do companheiro de profissão, prefere "deixar as comparações para as outras pessoas".

Comparações que Joelinton encara desde 2015, quando se destacou com a camisa do Sport e, ainda aos 18 anos, foi contratado pelo Hoffenheim - que acabara de se despedir de Firmino, vendido ao Liverpool. O jovem desembarcou na Alemanha em busca de espaço, que acabou não encontrando sob o comando de Markus Gisdol.

- Quando cheguei aqui, os primeiros meses foram complicados. com tudo novo. Eu não estava treinando tão bem. Depois, comecei a treinar melhor e achei que poderia ter recebido uma chance. O time também não estava numa boa fase, eles acharam que eu era jovem e não quiseram botar pressão em mim. Mas foi uma experiência boa, pude aprender bastante - lembra o atacante, que hoje tem como companheiros os brasileiros Felipe Pires e Leo Bittencourt (naturalizado alemão).

O treinador só relacionou Joelinton para cinco partidas em toda a temporada e o colocou em campo em apenas uma dela - já aos 45 minutos do segundo tempo. E, neste cenário, foi emprestado ao Rapid Viena para ganhar experiência. Na Áustria, realizou 44 partidas na primeira temporada e marcou 11 gols, disputando a Liga Europa. Por isso, teve esperança de ser aproveitado no Hoffenheim, o que não ocorreu de cara.

O brasileiro teve seu empréstimo ao time austríaco renovado e disputou a temporada 2017/18 novamente com o Rapid Viena, acumulando mais 24 jogos e sete gols marcados. Então, foi contactado e soube que ao menos faria a pré-temporada com o elenco do Hoffenheim, até ter sua permanência assegurada.

Joelinton diz que "sabia que teria uma chance" em algum momento. E, por isso, não desapontou e mostrou seu potencial logo de cara. No primeiro jogo oficial de 2018/19, marcou três gols e ajudou o Hoffenheim a golear o Kaiserslautern por 6 a 1, na primeira rodada da Copa da Alemanha. A partir dali, consolidou-se titular.

Empolgação com a Champions

Hoje, Joelinton é o artilheiro do time na temporada, com quatro gols, mas não tem conseguido celebrar muito em equipe. O Hoffenheim é apenas o 13º colocado no Campeonato Alemão e tenta se reabilitar, após uma temporada de destaque em 2017/18. Enquanto isso, lida com a experiência de disputar a Liga dos Campeões em um grupo que conta com Manchester City, Lyon e Shakhtar Donetsk.

- É um sonho. Jogar a melhor competição de clubes do mundo, tem grandes jogadores, grandes equipes, treinadores. É um sentimento diferente de todas as outras, é bem legal mesmo. Mas está sendo tranquilo quando entro em campo. Tem que estar concentrado, tem que correr e jogar futebol, o que sempre fiz. Procuro aproveitar, pois é um momento único - comenta.

E não é só a disputa da Champions que tornou-se uma experiência diferente para Joelinton. No Hoffenheim, o atacante é comandado por Julian Nagelsmann, que tem apenas 31 anos e tornou-se uma das grandes sensações entre os treinadores na Europa. O brasileiro garante que, assim como outros técnicos, Julian "brinca quando tem que brincar e fala sério quando é para ser sério". E é só elogios para o treinador.

- Ele é bem tranquilo pra idade dele, muito inteligente, parece que tem muitos anos com os profissionais. Em todo esse tempo, para mim foi o melhor treinador com quem trabalhei. É muito inteligente, procura passar tudo dos adversários nos treinos, o que vai acontecer, como a gente deve jogar. Estou aprendendo muito com ele.

Com contrato até 2020, Joelinton sonha com o sucesso a nível mundial. O brasileiro aponta que o futebol alemão oferece uma estrutura ótima para sua evolução e destaca que o fato de disputar a Liga dos Campeões é um trunfo, sonhando chegar um dia na seleção brasileira - assim como fez o antecessor Roberto Firmino. Por isso, pensa em ser mais um "produto exportação" do Hoffenheim.

- Espero que eu seja o próximo (risos).