Pedro Vinícius sobre bullying que sofreu na infância: 'Para mim, todo menino era violento'
Brasil - Telenovelas - Malhação
Ator, que vive Michael em 'Malhação – Vidas Brasileiras', conta que passou por situações parecidas com as que o personagem enfrenta na novela por conta de sua sexualidade.
Foto: Fabiano Battaglin/Gshow
Em Malhação – Vidas Brasileiras, a vida de Michael não tem sido fácil. Apesar de ter uma mãe que o apoia e o ama acima de tudo, o adolescente já sofreu na trama com bullying, agressões e, recentemente, com o preconceito da família de seu namorado. Longe das câmeras, no entanto, os problemas do personagem não são muito diferentes de algumas experiências pelas quais o ator Pedro Vinícius passou em sua caminhada até aqui.
"Nunca passei por essa violência física que o Michael passou, mas é muito fácil para qualquer pessoa LGBT que tem o mínimo de empatia sentir a dor de quem passa por isso."
A cena em que o personagem é agredido por um grupo de garotos no banheiro do colégio foi uma das mais marcantes da atual temporada de Malhação e gerou uma grande repercussão entre o público. Pedro, que hoje se identifica como uma pessoa de gênero fluido, lembra que, na infância, passou por situações parecidas. "Sempre foi na base de intimidar, de chegar junto. A pessoa quer que você tenha uma resposta para o seu jeito, mas você só quer sair de perto daquele grupo", explica.
Assim como aconteceu com Michael na ficção, para ele, o banheiro do colégio também era sinônimo de perigo. "Essa intimidação era uma coisa tão forte que, na escola, eu não usava o banheiro. Não queria ficar sozinho lá com meninos de jeito nenhum, porque, para mim, todo menino era violento", conta. "São experiências tão enraizadas que às vezes você não entende. Eu não entendia por que tinha pavor de encontrar gente no banheiro. Se entrava e tinha alguém, eu lavava a mão até a pessoa sair e, só então, ia fazer xixi".
"Sempre fiquei mais com as meninas, porque me dava melhor com elas. Os meninos não queriam brincar comigo, porque eu era muito 'menininha', sempre fui assim."
O ator conta que o bullying que sofria no colégio se estendeu por grande parte de sua infância em João Pessoa, na Paraíba, cidade onde nasceu. "As situações que passei começaram no terceiro ano do Ensino Fundamental e foram até o sexto ano, porque estudei sempre na mesma escola. Pessoas chegavam e saíam, mas esse grupo de meninos sé aumentava ou continuava o mesmo", lembra.
"É engraçado, porque o seu sofrimento é a diversão daquelas pessoas. Eu passei por isso, de ver as pessoas se divertindo com um sofrimento meu, com uma dor minha. E foi assim por muito tempo."
O bullying deixou de ser parte de sua rotina quando se mudou para o Rio de Janeiro para cursar o Ensino Médio em um colégio que adota um moderno projeto pedagógico, em que alunos de todo o país estudam em regime de internato. Lá, Pedro pôde finalmente começar a expressar sua identidade e sexualidade sem medo. "No início, ainda me prendi muito, porque pensava: 'Vou morar nessa escola, não posso passar por isso de novo'. Então me fechei de qualquer ideia de me relacionar com meninos ou de fazer algo que fosse chamar atenção fora do que é heteronormativo", lembra.
Apesar das más lembranças da infância, Pedro comemora o fato de ter uma família que o apoia e vê como um presente a oportunidade de mostrar na TV as duras situações pelas quais passam muitos jovens LGBT no país. "Ver a repercussão e receber as mensagens que eu recebi... Você fica sem chão. Mas não fico tão surpreso em ver que recebi mais de mil mensagens em algumas horas, porque são situações absurdamente comuns. E é engraçado, porque as pessoas vêm te agradecer sobre isso... É bom, mas às vezes não sei como reagir".
"Acredito muito que a intolerância em relação a gênero e sexualidade só existe porque o jeito de algumas pessoas ofende o padrão imposto pelo patriarcado, que é essa noção masculina. Então tudo o que é muito feminilizado sofre uma coerção absurda."
Depois dessa primeira experiência na TV, Pedro espera que seu trabalho continue fazendo a diferença na sociedade. "Quero estudar, ter uma formação, entrar cada vez mais nisso que estou descobrindo agora, porque tudo que tenho feito, a cada dia que passa, é uma aula para mim também. O set é também um lugar de muito aprendizado", diz.
"Pretendo ser realizado comigo e com as coisas que farei no futuro. E me orgulhar com o que isso vai deixar para as pessoas, porque é registro. Cinema é registro, novela é registro."
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