Jovem passa 11 dias preso por assassinato que nunca aconteceu
Ações Policiais - Investigação/ Assassinato
Fabio foi preso injustamente acusado de matar homem que na verdade está vivo - Crédito: Arquivo Pessoal
O boato de um crime na cidade e a vida virada do avesso pelo que se pode chamar de uma sucessão de erros praticados pela polícia e pela Justiça. Durante 11 dias, Fabio Araújo dos Santos, 21 anos, ficou preso pelo assassinato de um homem, em Ribas do Rio Pardo, sem que houvesse cadáver ou qualquer indício do crime.
Mesmo negando que fosse um criminoso, o rapaz só conseguiu liberdade depois que a suposta vítima apareceu viva na delegacia, desmistificando toda a situação. Fora da cadeia, ele agora enfrenta dificuldades para conseguir emprego, já que sua fama na cidade - que tem pouco mais de 20 mil habitantes, é de “assassino perigoso”.
De acordo com o jovem, toda a confusão começou depois que ele voltou de um fim de semana que havia passado na chácara de um amigo. Era o dia 14 de janeiro e a polícia batia a porta da casa dele acusando-o de ter assassinado um homem que mal conhecia. “Na noite do dia 13 de janeiro, houve uma festa na cidade. Naquele dia também aconteceu um apagão e começaram a comentar na cidade que esse rapaz tinha morrido. O delegado intimou algumas pessoas para prestar o depoimento e elas disseram que me viram sequestrando o homem. Eu neguei, claro, mas não adiantou nada”, conta o rapaz.
Conduzidas pelo delegado Bruno Santacatharina Carvalho, da Polícia Civil local, as investigações concluíram que Fábio havia matado o homem porque era “disciplina geral” do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa paulista, que domina os presídios do Estado.
Não bastasse ser taxado de assassino na cidade, a pedido do delegado de polícia e do promotor George Zarour Cezar, do Ministério Público Estadual (MPMS), no dia 7 de fevereiro, o juíz Idail De Toni Filho decretou a prisão temporária de Fábio, sob o argumento de que era necessária para que a polícia prosseguisse com a investigações.
“Ali começou um inferno. Os policiais me prenderam, me agrediram, me colocaram na cela com um monte de bandido perigoso. Me afogaram, colocaram saco preto na minha cabeça, fizeram eu gravar um vídeo confessando que eu tinha matado. Eu confessei, porque se não confessasse, eles iam me matar”, denuncia.
O jovem diz que já havia perdido as esperanças de sair da cadeia, quando na última sexta-feira (15), o homem a quem teria assassinado apareceu na cidade e foi levado à delegacia. “Ele precisou ir na frente do delegado e do juíz para mostrar que estava vivo. Mesmo assim, eu só fui solto na segunda-feira”, relata Fabio.
Fora da cadeia, o jovem não consegue emprego, porque na cidade todos ainda acreditam que ele seja um assassino. “O que ficou para eles é que eu matei o cara. Mas ele está vivo! Eu não tenho nehnum tipo de passagem pela polícia, sempre trabalhei e preciso muito ajudar minha mãe, porque ela é doente”, diz.
Fábio acionou advogada e diz que vai procurar Justiça. “Eles me acusaram de um crime que eu não cometi e na cidade todos acham que eu sou um bandido, sendo que não matei ninguém, nem cometi nenhum crime. Isso não pode ficar assim”, considera.
O jornal Correio do Estado questionou a Polícia Civil, Ministério Público (MPMS) e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul sobre o caso, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.
Dourados News/PH
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