Com planejamento de ter dois times ao longo do ano, Abel recorre aos jovens para montar equipe alternativa. Vitor Gabriel interrompe férias e ganha chance. Cenário aponta necessidade de encorpar elenco

Alexandre Vidal / Flamengo

Abel Braga deixou claro desde sua chegada ao Flamengo que pretendia montar dois times e preservas os titulares do insano calendário brasileiro. Não teve medo, por exemplo, de poupar no clássico contra o Vasco, na semana passada. No entanto, frequentemente tem recorrido aos garotos para completar a formação. Neste sábado, contra o Volta Redonda, serão seis atletas formados na base em campo.

Gabriel Batista, Thuler, Hugo Moura, Ronaldo, Lucas Silva e Vitor Gabriel começam o jogo neste sábado. Eles se juntam a Rodinei, Trauco, Piris da Motta, Arrascaeta e Uribe no time titular. Contra a LDU, na quarta, foram oito atletas da base relacionados. Apenas Léo Duarte iniciou.

- Posso aproveitar qualquer um deles sem qualquer temor. O Juan foi muito feliz no vestiário, disse que fomos corajosos de colocar uma equipe com muitos garotos, terminamos com seis da base. Meninos que o torcedor pouco conhecia e ganharam gordura, esse é um jogo bom para amadurecer. Então tenho uma tranquilidade grande para frente, e uma dor de cabeça também - disse Abel, após o clássico contra o Vasco.

Vitor Gabriel interrompe férias e ganha chances

Vitor Gabriel é um bom exemplo. Campeão e destaque da Copinha no ano passado, ele iniciou a competição sub-20 neste ano, mas participou apenas da estreia. O motivo foi nobre. Foi convocado por Abel para completar o elenco profissional no Torneio da Flórida.

Vitor agradou, enfrentou o Ajax, iniciou contra o Eintracht Frankfurt, mas não estava nos planos imediatos de Abel. Tanto é que recebeu férias no início de fevereiro. O descanso, no entanto, foi interrompido após uma semana, devido à lesão de Lincoln e à negociação de Henrique Dourado com o futebol chinês.

Com 69 gols em 152 na base, Vitor Gabriel foi inscrito na Libertadores, foi titular contra o Vasco, na semana passada, e vai repetir a dose diante do Volta Redonda. Oportunidades inesperadas, que surgiram diante das circunstâncias.

Cobertor curto

Lançar a garotada no Carioca não deixa de ser uma boa oportunidade para dar rodagem aos mais jovens. Mas se a ideia é rodar o elenco ao longo da temporada, especialmente no segundo semestre, quando o calendário aperta com jogos decisivos de Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil, o Rubro-Negro ainda carece de peças para tampar buracos.

É claro que as lesões de Berrío, Lincoln e Vitinho, Raphael Santos, além do fato de Rhodolfo, com dores na panturrilha, ter desfalcado o Flamengo nos últimos quatro jogos, deixaram o cobertor curto. O início de temporada, porém, expõe que, se planeja ter dois times fortes brigando em todas as frentes ao longo do ano, o Rubro-Negro precisa encorpar o elenco. Ainda há as datas Fifas, sempre um problema no calendário brasileiro. Cuéllar, Piris da Motta, Trauco e Arrascaeta ficarão fora dos jogos contra Madureira e Fluminense, por exemplo. Para o jogo deste sábado, Bruno Henrique, suspenso, completa a lista de problemas.

Além de Alex Muralha, que não estava no elenco na temporada passada, o Flamengo vendeu, emprestou ou liberou outros nove jogadores: Paquetá, Geuvânio, Marlos Moreno, Henrique Dourado, Réver, Thiago Santos, Matheus Savio, Jean Lucas e Rômulo. Chegaram quatro reforços: Rodrigo Caio, Bruno Henrique, Arrascaeta e Gabigol.

Por ora, de certo apenas a chega de Rafinha. Em fim de contrato com o Bayern de Munique, o lateral está apalavrado e é aguardado no meio do ano. Um zagueiro experiente também está nos planos. Na última janela, o Rubro-Negro tentou as contratações de Dedé, Miranda e Kannemman, mas não houve avanço nas tratativas.