Análise: Santos prefere o risco ao pragmatismo e colhe vitória que devolve confiança
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Dias após eliminação no Paulista, Sampaoli mantém modelo que ignora medo da derrota; time bate o Atlético-GO por 3 a 0 e avança na Copa do Brasil
Sampaoli manteve modelo que usou contra o Corinthians, mas desta vez se classificou — Foto: GUILHERME DIONíZIO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO
O Santos entrou em campo contra o Atlético-GO com a mesma missão que tinha contra o Corinthians: virar um confronto em que perdia por um gol de diferença. O técnico Jorge Sampaoli, que, após a eliminação no Paulista, afirmou que não abandonaria suas convicções, colocou em campo um time semelhante ao da última segunda-feira. Desta vez, a bola entrou mais de uma vez.
Com o 3 a 0 na Vila Belmiro, na última quinta-feira, o Santos avançou à quarta fase da Copa do Brasil. O adversário será conhecido nesta sexta, em sorteio que será realizado pela manhã na CBF. Os jogos acontecem nas duas próximas semanas, antes do início do Campeonato Brasileiro.
O treinador argentino novamente abriu mão de um lateral-esquerdo para escalar Diego Pituca no setor. Ele e Victor Ferraz jogaram adiantados, como meias ao lado de Sánchez e Jean Mota, com Soteldo e Rodrygo abertos nas pontas, e Derlís González centralizado.
Um parêntese: Rodrygo venceu, enfim, a inexplicada teimosia de Sampaoli e ganhou a vaga de Cueva – que entrou no fim para ser expulso 14 depois. Outro parêntese: a expulsão de Cueva foi exagerada, mas ele deu brecha ao não evitar o pisão em Pedro Bambu.
Como fez contra o Corinthians, o Santos, de volta à Vila Belmiro após uma reforma no estádio, dominou o rival. Ao contrário do Corinthians, o Atlético-GO era mais perigoso ao explorar os contra-ataques que sabia que surgiriam ocasionalmente.
O primeiro tempo foi divertido: os visitantes tiveram chances de abrir o placar, Derlís González reclamou com razão de um pênalti não marcado (veja aqui a opinião da Central do Apito), o goleiro Kozlinski, do Atlético-GO, suou, e Sánchez fez gol.
O placar começou a ser construído no final do primeiro tempo, num passe certeiro de Jean Mota pra Carlos Sánchez, que se enfiou no meio da zaga goiana e, perto da pequena área, desviou para tirar a bola do goleiro adversário e fazer 1 a 0.
Logo no início da etapa final, Rodrygo marcou um golaço, o do 2 a 0 que levava o Santos direto para a quarta fase, sem precisar passar pelos pênaltis que frustraram a torcida na semifinal do Paulista.
Mesmo com a vantagem necessária, o Santos não parou de atacar. Manteve-se em busca do terceiro gol sob perigo de dar campo para o Atlético-GO fazer um gol que recolocaria as penalidades em pauta – e os goianos foram para cima, acertaram a trave de Everson e fizeram com que se questionasse se aquele risco era necessário ao time da casa.
Sampaoli, após o jogo, disse que sim:
– A gente estava dominando. Fizemos os gols. Ceder esse protagonismo era ceder um jogo que estávamos dominando. Era melhor buscar o terceiro do que aguentar os 2 a 0. Se superamos o rival com essa forma de jogar, temos que continuar assim, atacando. Isso é o que a gente trata de fazer com esse grupo.
A consequência disso foi, como queria o argentino, o terceiro gol. Soteldo, que fez boa partida, rolou para Sánchez marcar de dentro da área.
Os riscos são parte do modelo de Sampaoli. Eles podem causar estragos, como na goleada sofrida contra o Ituano (5 a 1), ou injustiças, como a eliminação no Paulista contra o pragmático Corinthians.
Eles também rendem jogos divertidos e que orgulham a torcida que exige equipes ofensivas. Contra o Atlético-GO, serviram para não deixar que o medo da eliminação afastasse a vontade de jogar bom futebol.
Globo Esporte/PH
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