Quarta-Feira 01/05/2024 18:12

David Junior posa no Dia da Consciência Negra e fala sobre conquistas: ‘Minha referência me deu asas’

Brasil - Comportamento - Famosos

David Junior estrela ensaio especial de Dia da Conciência Negra — Foto: Gshow / Alexandro Adds

"Ubuntu: Eu sou porque nós somos.” “O Emicida me apresentou essa palavra que eu levo muito na minha vida, e isso sintetiza tudo o que eu acredito, sabe?”. Quem diz é David Junior. Hoje um dos principais nomes de Bom Sucesso como Ramon, David não esquece de onde veio, muito menos deixa de reverenciar a memória de quem o amparou para chegar até aqui.

“Minha referência são os homens e mulheres da minha casa. Meu avô, que trabalhou até se aposentar e nunca faltou ou chegou atrasado, mesmo gerando 20 filhos; minha avó, que cuidou dos filhos sozinha; minha outra avó que teve dez filhos e depois foi abandonada pelo marido, tendo que sustentar todos; meus pais, os únicos dessa família gigante que conseguiram cursar um ensino superior e proporcionar um ensino digno que rompesse com o histórico de subemprego para mim e minha irmã, nos permitindo sonhar mais alto”, enumera.

“Minha referência me deu asas, fiz muita força pra voar até aqui e me tornar o que sou hoje".

“Eu sou reflexo do que eu vi, ouvi, senti”.

Para toda conquista, o artista traz uma referência à vida de luta dos antepassados, uma lembrança da sua família, da sua história traçada por um caminho que se assemelha ao de muitos jovens negros em busca de seu lugar de reconhecimento.

“Essa coisa do protagonismo negro é uma virada de chave, né? É quando a gente entende que gente é gente, gente como qualquer um”.

“Acho que em várias etnias, em vários povos, a gente tenta pregar a mesma coisa: a gente não quer mais do que ninguém, a gente quer a empatia pelo outro [...], independente de ser branco, amarelo ou de bolinha roxa. E a partir do momento em que eu guardei a palavra “Ubuntu” comigo, acho que ressignifiquei um monte de coisas, sabe? Por que eu me sinto menor, por que eu me sinto incapaz, por que eu me sinto infeliz e não faço nada a respeito, por que eu aceito tudo o que vem, por que eu não me dou o direito de escolher?”, reflete David.

Neste 20/11, Dia da Consciência Negra, também aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, uma das maiores lideranças quilombolas, expressão de resistência contra a situação de escravidão e dia do protagonismo preto, David é o protagonista. Ele estrela este Camarim Gshow com inspiração Afrofuturista, um pensamento que conecta o antes e depois, assim como o papo emocionante que o ator bateu com o Gshow celebrando o fato de poder ele contar por si mesmo a história antes contada pelo outro.

“O Dia da Consciência Negra é o mínimo do reparo que a sociedade deveria fazer sobre a escravidão. A opressão que a gente sofreu e ainda sofre não pode ser esquecida se nossos jovens continuam sendo os que mais morrem diariamente. Nossa consciência precisa ir além da data e diariamente lutarmos todos por uma sociedade igualitária, que pensa no indivíduo como indivíduo e não pela sua cor, mas para isso temos que ressignificar nosso olhar enquanto cidadãos, porque o alvo continua nas nossas costas e não mudou depois de 1888”, opina.

E a filosofia Ubuntu segue passando por muitos espaços da vida de David Junior. Ao falar da família, ele se emociona, pois acredita que não está sozinho:

“Eu não consigo imaginar que essa visibilidade que eu estou tendo agora não me ajude a conquistar coisas para ajudar alguém. Costumo dizer que, para mim, para você, é muito mais difícil crescer porque atrás tem gente para caramba que precisa da sua ajuda. [...] Se as pessoas ao meu redor não crescerem junto comigo, para mim não vai adiantar nada, eu vou ter que continuar a ajudar. [...] É isso: o tempo inteiro pensando no outro, porque foi de lá que a gente veio e a gente viu que foi suado”.

No trabalho como ator, David diz que aproveita o espaço conquistado:

“Todo corpo é político e eu, enquanto artista e negro, procuro mudar paradigmas com a visibilidade que tenho”.

“Meu trabalho enquanto artista é usar essa visibilidade para dar voz às pessoas que sofrem algum tipo de opressão diariamente e não são ouvidas. Acho um desserviço usar minhas redes sociais só para posar de bonito, enquanto tem um monte de gente morrendo por homofobia, feminicídio, ocupação de terra indígena, o próprio racismo e tantas outras coisas. Faz parte do meu trabalho ser porta-voz dos oprimidos já que me enquadro no perfil e procuro estudar diariamente para ressignificar as coisas na minha vida. É um exercício diário, erro muito ainda, mas me sinto bem por saber que estou tentando evoluir enquanto ser humano”, crê.

“Trabalho para dar outro sentido para a frase ‘tinha que ser preto!’”.

Recorrendo à história dos seus semelhantes para se conhecer e se construir como homem preto, David se deparou com uma história de preconceito sofrido, comum a muitos: “Outro dia sentei com meu avô e pedi para ele me contar a história dele. Descobri que até preso enganado ele já foi. Coincidência, não?! Parece que a história se repete diariamente e é normal para a gente”. Mas não é a este tipo de história apenas que o ator, nascido em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, se prende quando quer mostrar o valor da pessoa negra periférica.

“Não exalto as dores, falo do que precisa ser dito positivamente para gerarmos a mudança. A gente já sabe que o chicote ainda estala, mas também sabe que ainda temos muitos Zumbis e Dandaras lutando diariamente, e é desses que gosto de lembrar”, afirma.

Quem lê - ou ouve - David tão dono de si mal imagina que esse reconhecimento como protagonista de sua própria história é fato recente. A beleza hoje muito exaltada antes já foi até desacreditada:

“Me reconheci protagonista da minha vida no dia em que olhei no espelho e me vi bonito. Isso foi este ano. É difícil tomar a dianteira, mas o Emicida - mais uma vez - tem uma frase que se tornou o meu mantra: ‘Você é o único representante do seu sonho na face da Terra, se isso não fizer você correr, chapa, eu não sei o que vai'. Meu sonho gera sonhos, e inaugurar esse lugar é lindo demais. Quando você chega na rua e uma criança abraça sua perna dizendo que gosta muito de você, ou um menino que está tentando ganhar a vida no sinal diz que é seu fã e tenta mostrar que tem talento cantando ou fazendo qualquer coisa, isso mostra que estamos levando esperança para quem não tem e é isso que faz meu trabalho valer a pena, esse é o lugar que o protagonismo ocupa pra mim”.

E ele vibra por poder dividir o espaço com outros irmãos:

“Tentaram redefinir nossa história queimando tudo o que comprovava o que tinham feito com a gente ou de onde viemos. Agora, em 2019, temos um povo preto que está chegando para mostrar que não se apaga nossa força, nossa vontade de crescer. Estou como protagonista em um ano em que a Maju Coutinho se destacou no jornalismo, IZA fez um show antológico de representatividade no palco do Rock in Rio, Emicida se uniu a Pabllo Vittar e Majur, o narrador esportivo Júlio de Oliveira se manifestou dizendo como o esporte é gerido por gente branca se a maioria das referências de sucesso no esporte são negras, o teatro negro tem sido um fenômeno de público e por aí vai... Me sinto abençoado por não estar crescendo sozinho, todas essas referências me impulsionam e me motivam a querer mais e mais”.

“A gente precisa mostrar que existe um homem negro empático, que pensa no bem das pessoas, que pode sim ser o pai dos seus filhos, que vai zelar, que vai se esforçar para fazer o melhor para essa família. Essa representatividade é o que faz a gente começar a olhar o outro com outros olhos”.

Muitas dessas descobertas e lutas vêm acontecendo ao lado de Yasmin Garcez, sua companheira de vida, casa e cachorros. Com ela, que também é atriz e viveu recentemente Fairouz em Órfãos da Terra, David tem experimentado questões de um relacionamento que acontece às vistas do público, e uma das recorrentes é o fato de viver um relacionamento inter-racial.

“Já tive essa discussão inúmeras vezes dentro e fora das redes sociais. Hoje eu aceito que discordem de mim e isso só mostra que somos pessoas diferentes, com opiniões diferentes. Sou feliz na minha relação, vivo inteiro em meu relacionamento, amo a mulher que está do meu lado, só vivo a minha vida. Sou um negro que namora uma filha de um judeu. Cada um sabe a opressão por que passou e eu não poderia ter um encontro histórico mais incrível”.

E ele não se esquiva da discussão:

“Acho importante debatermos sobre este assunto. A solidão da mulher negra é consequência grave dos nossos problemas estruturais sociais: machismo e racismo. Vi minha avó criando dez filhos sozinha e não desejo isso para ninguém. Busco ser um aliado nessa luta e procuro ouvir muito referências negras como Djamila Ribeiro, Preta Rara, Grada Quilomba, entre outras. Da minha parte, apenas lamento as agressões - em qualquer situação - e apontamentos individualizados porque essa é uma questão social que vai muito além do meu amor pela Yasmin. Nosso encontro é profundo, consciente, parceiro e quem nos conhece sabe disso”.

Pai de uma adolescente na ficção, David experimenta pela primeira vez a paternidade em uma família inter-racial com a experiência como Ramon. Nos bastidores, ele e Bruna Inocêncio, a Alice da trama das 7, se tratam como pai e filha, e ainda tem os enteados Peter (João Bravo) e Gabriela (Giovanna Coimbra). Se a pergunta é 'E aí? Esse bichinho te mordeu?', David responde:

“Estou louco de vontade de ser pai! Pronto, falei! Acho lindo ver uma vida começar do zero, sabe?”.

“Sempre quis ser pai, agora que sou pai deles na ficção, coisa que nunca fui de ninguém, fiquei com mais vontade ainda. [...] Ser pai é muito maior do que colocar um filho no mundo. Participar efetivamente das conquistas, dos erros, do aprendizado diário, faz com que a gente se avalie diariamente e jogue nosso ego na lata do lixo de cinco em cinco minutos. Vou terminar essa novela com uma outra percepção de vida depois de ter três anjos de luz trilhando essa estrada comigo”.

GShow/KV

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