Coronavírus impacta luta dos atletas brasileiros por vagas em Tóquio
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Vinicius Figueira vive expectativa por vaga olímpica — Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br
Vinicius Figueira não sabe se já está classificado para a Olimpíada de Tóquio. O atleta de 28 anos vive a expectativa de se garantir na estreia do karatê nos Jogos, e a vaga pode chegar em um e-mail. A situação incomum é um efeito da epidemia do coronavírus (covid-19), que provocou cancelamentos e adiamentos de competições, bagunçando a corrida olímpica de várias modalidades. O caminho até o Japão foi impactado, e os brasileiros não passaram ilesos às mudanças de rotas para chegar à "Terra do Sol Nascente".
Junto com as confederações nacionais, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) acompanha diariamente as mudanças de planos provocadas pelo coronavírus, seguindo as orientações das federações internacionais de cada esporte e do Comitê Olímpico Internacional (COI). O karatê e o judô foram as modalidades mais afetadas, mas o basquete 3x3, o skate, a natação, o tênis e muitas outros esportes foram atingidos de alguma maneira. Saiba o que mudou no caminho dos brasileiros até Tóquio.
Karatê e a vaga pendente
O caso de Vinicius Figueira é o mais curioso. O carateca é o quarto colocado do ranking para a disputa da categoria até 67kg do kumitê e ocupa a última vaga olímpica disponível pelo ranking - ainda há um pré-olímpico mundial e vagas continentais. A etapa da Premier League de Rabat fecharia o ranking olímpico neste fim de semana, mas o Marrocos cancelou o torneio e lançou a dúvida. A Federação Internacional de Karatê (WKF) não definiu ainda se vai dar por encerrado o ranking olímpico (e aí Vinicius estaria classificado) ou se vai estender o período de ranqueamento para incluir a etapa de Premier League de Madri, entre 17 e 19 de abril (e aí o egípcio Ali Elsawy é o único que tem chance de ultrapassar o brasileiro).
- Estou na Turquia. Estava aqui me preparando para Rabat, que seria a última competição antes do fechamento do ranking olímpico. Agora estamos aguardando a posição da Federação Internacional e do COI. Como eu acredito que Madri deve pontuar para o ranking, coloquei essa competição como meu objetivo hoje. Estou treinando muito focado nessa competição, porque quero muito essa vaga. Se um dia eu acordar com a notícia de que o ranking fechou, ótimo, mas evito até pensar nisso para não ficar em uma zona de conforto - disse Vinicius.
Mas a Espanha é o quinto país mais atingido pela epidemia de coronavírus, com 1.547 infectados e 35 mortes. Assim, até a etapa de Madri está sob risco de também não ocorrer. Mesmo o pré-olímpico mundial, programado para Paris, no início de maio, pode ser adiado ou mesmo cancelado, já que a França também sofre com a contaminação por covid-19.
Judô muda calendário
O judô também foi uma modalidade muito impactada. Na reta final do período de obtenção de pontos para o ranking olímpico, a Federação Internacional de Judô (FIJ) cancelou todos os eventos de março e abril. São meses em que o Brasil mirava crescer especialmente em duas categorias. Na -73kg masculina, Eduardo Barbosa hoje ocupa uma vaga continental. Na -57kg feminina, o Brasil busca uma substituta para a Rafaela Silva caso a campeã olímpica não consiga reverter na Corte Arbitral do Esporte a suspensão por doping - Ketelyn Nascimento precisa dobrar sua pontuação para entrar na zona de classificação.
- Mas não é momento ainda de desespero. É um momento de reflexão. Vamos investir em treinamento. Nosso camping de treinamento aqui no Brasil acontece neste mês. Temos uma adesão grande de atletas estrangeiros por causa do problema na Ásia e na Europa - disse Ney Wilson, coordenador da seleção brasileira de judô.
Nesta terça-feira, a FIJ adiou o encerramento do ranking de 25 de maio para 30 de junho. Com isso, o Grand Prix de Budapeste, na Hungria, entre 12 e 14 de junho, que distribuiria 700 pontos na corrida olímpica, virou um Grand Slam e passou a valer 1.000 pontos. Já o Grand Prix de Hohhot, na China, de 26 a 28 de junho, ainda é uma incógnita mas se ocorrer contará na busca por uma vaga em Tóquio 2020.
Basquete 3x3 sem data para a bola subir
A seleção brasileira masculina de basquete 3x3 é mais uma que teve o planejamento impactado pelo coronavírus. O pré-olímpico mundial na Índia foi adiado, mas a Federação Internacional de Basquete (Fiba) ainda não definiu uma nova data para a disputa. Os brasileiros esperam agora a definição da data do pré-olímpico para iniciar os treinos. A seleção feminina não se classificou para o pré-olímpico e não tem mais chances de ir a Tóquio.
Skate park em alerta
O skate, mais um esporte que estreia em Tóquio 2020, também já teve seu calendário prejudicado. Foram suspensos os Abertos de Nanjing (street) e Yangcheng (street e park), ambos na China, epicentro da epidemia do coronavírus. Só que a principal competição da modalidade park, o Mundial que encerra a corrida olímpica, está programada justamente para o território chinês, entre 25 e 31 de maio. Tudo indica que a competição mudará de palco ou de data.
Modalidades menos impactadas
Apesar das muitas restrições de viagens, são poucos os brasileiros que deixaram de competir mundo afora. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) cancelou a participação de 11 nadadores no Open do Mediterrâneo, disputado em Marselha, na França. Ygor Coelho, melhor brasileiro no badminton, teve uma competição na Alemanha cancelada. O Masters 1.000 de Indian Wells também foi cancelado, impedindo que os tenistas brasileiros buscassem pontos preciosos para o ranking olímpico.
A seleção masculina de polo aquático mudou sua programação de treinos na preparação para o pré-olímpico mundial de Roterdã, entre 22 e 29 de março. Os brasileiros iriam para Barcelona e depois para a Itália para treinar, mas a crise de coronavírus na Itália fez o Brasil optar por ficar apenas na Espanha.
GloboEsporte/KV
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