Etanol dispara e governo cobra mais investimentos
Brasil - Comércio e Indústria - Monitoramento de Estoques
Foto: microdestilaria.com.br
Em reunião no Ministério da Fazenda, o governo cobrou ontem dos usineiros um plano de investimentos de longo prazo para evitar novos aumentos de preços do etanol e riscos ao abastecimento interno do combustível. Em forte indicativo de que os estoques do produto estão muito apertados, seus preços tiveram novamente uma forte disparada ontem em São Paulo.
O indicador diário do etanol hidratado posto em Paulínia da Esalq/BVMF teve ontem valorização de 4,44% a R$ 1.599,50 o metro cúbico (m3). No dia anterior, a alta fora ainda mais intensa, de 4,97%.
O plano de investimentos é uma solução para evitar situações extremas nos estoques e alta de preços. Fontes do governo informaram ao Valor que há preocupação com o impacto dos altos preços do etanol nos índices de inflação. A disparada dos preços do etanol afeta a gasolina, que tem 25% do derivado de cana-de-açúcar em sua composição.
"O foco é na inflação", diz a fonte. O governo já fez chegar aos usineiros ameaças de instalar medidores de vazão nas indústrias para controlar vendas e calcular os estoques privados de forma mais realista.
Segundo uma fonte ouvida pela agência Reuters, para esta safra está descartada a possibilidade de mudança na mistura de etanol anidro à gasolina, hoje em 25%. "Não faz sentido mudar a mistura para esta safra. Não faz efeito", disse a fonte da Reuters, que pediu anonimato.
Além disso, segundo Hélio Pirani Fiorin, diretor do Sincopetro, que representa os postos de combustíveis de São Paulo, se a mistura de etanol anidro à gasolina fosse reduzida para 20% o valor da gasolina C ficaria mais alta ao consumidor. "Subiria R$ 0,04 por litro, a não ser que o governo compensasse com redução da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico), como costuma fazer", diz Fiorin.
No debate de ontem, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Edison Lobão (Minas e Energia) afirmaram que vão "monitorar de perto" o setor. O governo também avalia que a melhor remuneração do açúcar, estimada 54% acima do etanol, desestabilizou a produção.
Os usineiros rejeitaram a tese. "Colocamos mais 15% de etanol no mercado e 56% da cana virou etanol", afirma André Lins da Rocha, presidente do sindicato da indústria sucroalcooleira de Goiás.
O foco dos monitoramento de estoque entre governo e setor produtivo vem sendo também resolver o problema de curto prazo. Algumas usinas estão importando etanol dos Estados Unidos para dar mais conforto aos estoques.
Valor Econômico
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