Luisa Arraes fala de pandemia, casamento e posicionamento político-social na internet — Foto: Reprodução do Instagram

Aproveitar o tempo para criar e experimentar novas oportunidades na carreira. Foi exatamente assim que a atriz Luisa Arraes resolveu passar boa parte do isolamento social da pandemia do coronavírus. Com a vacinação em andamento, a carioca de 28 anos quer levar os aprendizados dos últimos anos para o resto da vida.

Ao Gshow, ela apresenta seu novo e inédito trabalho de vídeos que trazem os recortes da realidade e da atual sociedade após a Covid-19. Batizado de ‘Arraesta pra cima’, trabalho tem objetivo de provocar reflexões e ampliar o cinema independente no celular.

Como surgiu a ideia do projeto ‘Arraesta pra Cima’ ?
"Quando era adolescente, um tio meu falava para mim e meus primos que a gente ia ter que abrir um circo para empregar tanto artista... Sempre foi piada entre nós e pela primeira vez resolvemos realizar um projeto juntos. Meu primo Bernardo sempre foi cheio de ideias. Por conta da pandemia e das poucas oportunidades nas artes, resolvemos fazer vídeos curtos para internet, que é o lugar da experimentação. Meu outro primo, Antônio e que é diretor, se juntou conosco. Decidimos treinar, criar, brincar e exercitar. Começou com encontros semanais para contar as ideias e no outro dia para filmá-las. Assim nasceu o projeto!", explica a atriz.

O que aprendeu durante o isolamento social?

"Aprendi a respirar mais, a cozinhar mais, a limpar a casa com mais velocidade (risos). Também aprendi um pouco de tudo com nossas filmagens de ‘Amor e Sorte’ e que sinto muita falta da presença. Fiz peça online (‘Nunca Estive Aqui Antes') e minha casa virou cenário. Foi um bálsamo dentro desse terror todo saber que tinha gente me assistindo do outro lado do mundo. Reafirmei meu pacto com o experimental."

Como avalia a rotina intensa com o marido, Caio Blat, em casa?

"Passamos por muitas fases, como todo mundo, mas acho que nossa experiência em respeitar o lugar, a individualidade do outro, foi fundamental. Se estivesse em um relacionamento simbiótico acho que não aguentaria. Mas, certamente, não vamos esquecer nunca que passamos uma quarentena juntos e ainda filmamos sozinhos em casa 'Amor e Sorte'! Foi especial e Inesquecível."

Quais as suas angústias em relação à pandemia?

"A principal angústia é com o governo. A gente vê tantos países que se organizaram melhor do que nós com a vacinação e prevenção. Nosso país só não está pior graças ao SUS. Mas o desemprego, a falta de comida... Mais de 50% da população passaram por momentos de incerteza alimentar durante a pandemia, nunca mais tínhamos visto isso. É desesperador."

Qual a importância dos artistas se posicionarem sobre assuntos políticos e sociais?

"A função do artista é pensar, repensar e propor novos mundos. Através da sua arte ou através dos seus gestos. Não consigo pensar em artista que não se posiciona sobre nada, vai criar o que, então? Em tempos menos absurdos, acredito que possamos nos manifestar através de nossas criações apenas, mas no Brasil do jeito que está... É impossível ficar calado. Eu, pelo menos, não aguento."

Quais seus projetos para os próximos meses?

"Estamos começando os ensaios para a filmagem do 'Grande Sertão' e, embora a gente faça há quatro anos a peça, está sendo um desafio totalmente novo. Também estou doida para filmar meu curta, inspirado na peça que fiz em casa ‘Nunca Estive Aqui Antes’ e voltar ao teatro. Não vejo a hora de aglomerar, se é que isso será possível. Por enquanto, vamos criando por aqui, nesses nossos cinemas-celulares!"